A Árvore de Porfírio
Num dos ramos do velho cedro onde Porfírio construíra a sua casa, existia um buraco vazio, que tinha servido de ninho a um pica-pau, que há muito o abandonara.
Certa vez, quando efetuava um dos meus voos noturnos na Floresta Encantada, reparei, por casualidade, nesse buraco inabitado.
Eu ainda não conhecia o Porfírio, mas já tinha ouvido falar dele, da sua árvore, da sua biblioteca e da linguagem secreta que só o anão entendia.
Havia já muito tempo que a fama de Porfírio se espalhara por toda a Floresta Encantada, e tinha até conseguido ultrapassar a alta muralha que a separava do bosque onde eu tinha nascido.
Foi, por certo, a curiosidade que esses rumores despertaram em mim o que me levou nessa altura a contrariar as regras da sociedade dos momongas, voando às escondidas para a floresta vizinha.
Mas, nunca me arrependi da minha desobediência.
As regras do Bosque dos Momongas fundavam-se no medo do desconhecido e, ter medo do que ainda não conhecemos, nunca é bom.
Bom é esforçarmo-nos por conhecer o que desconhecemos.
Além do mais, de que outra forma poderia ter eu alguma vez conhecido o Porfírio? Esse anão extraordinário que a todos maravilhava e que iria mudar a minha vida, para sempre…
Pois, como talvez já tenhas adivinhado, eu decidi habitar, desde essa noite, o ninho de pica-pau abandonado, que ficava no tronco da Árvore de Porfírio.
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