INSTANTES – Miniconto
I … i
Instantes, inconformados, correm apressados, pedindo audiência a rei Tempo. “Estamos cansados”, dizem, “de ser tão curtos, breves, efémeros. Queremos ser longos, duradoiros, eternos.”
Rei Tempo, chocado com a informação, levanta-se do cadeirão. Dá gritos para o ar, anda pelo salão, sem parar… “Mas que decisão hei de tomar”, pergunta-se aflito, “sem a Lei do reino ultrajar?”
“Majestade, se sois rei, tudo podeis mudar!”, argumenta um Instante. “E a Lei é fácil de alterar.”
“A Lei existe desde sempre”, explica-lhes então. “É tão antiga como este cadeirão em que me sento. Se eu a alterar, tudo no reino irá mudar. E depois, onde procurar alento num reino de pernas para o ar?”
Há decisões, mesmo difíceis de tomar…
Rei Tempo está todo transpirado, sente comichões por todo o lado… Coça a nuca, cai-lhe a peruca… Levanta-a do chão, com o rosto todo ruborescido, por ela lhe ter caído. E… zás! Vira-se para trás, para repreender os Instantes, pela forma inesperada como eles o tinham surpreendido. Mas, de uma assentada, já os Instantestinham desaparecido, em menos de nada…
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