AVENTURAS NA NUBILANDIA (2)


Joel e Vera visitam a Fada-rainha


Eu não sei se já alguma vez viajaste de avião.  Mas se viajaste e olhaste para o céu através das janelas quando o avião já tinha atingido uma grande altitude, então deves ter visto de perto a Nubilândia. É um país feito de nuvens: algumas regiões são brancas; outras, cinzentas; e outras, ainda, são completamente negras. É nesse país que vivem os Núbios.

Os Núbios são todos brancos e têm cabelos de diferentes tons de azul, que possuem uma força mágica. As núbias usam duas tranças, que não param de crescer, e os núbios são carecas, mas têm uma barba muito comprida que eles também entrançam. São muito pequeninos: medem entre trinta a quarenta centímetros; e são muito levezinhos: pesam menos de um quilo; mas vivem centenas de anos.

Regressemos, porém, à nossa história…


Chegados à Nubilândia, o Joel e a Vera começaram a brincar por todo o lado, cheios de felicidade.

Tu nem imaginas como era divertido andar por ali! Cada vez que eles tentavam dar um passo em frente, sentiam o seu corpo levantar-se no ar, como se fosse muito leve, e depois descia lentamente até o chão… para voltar de novo a flutuar, quando levantassem o outro pé.

A Menina-nuvem-de-fumo não precisava de andar. Na Nubilândia, ela flutuava simplesmente no ar, como todos os Núbios. Nem é para admirar, levezinhos como eles eram!

– Bem, meus amigos, agora temos de ir à Montanha-das-nuvens-encantadas – diz a núbia, dirigindo-se às crianças. – É preciso que nos despachemos, pois já faltam poucas horas para o Sol se pôr!

– E que há de especial no pôr do sol? – pergunta a Vera, admirada.

– O nascer e o pôr do sol são os acontecimentos mais importantes da vida na Nubilândia! – exclama a Menina-nuvem-de-fumo, sem entender que pudesse existir alguém para quem isso não fosse tão claro como a luz do dia.

– E porquê? – interroga-a, desta vez, o Joel, que também não conseguia compreender por que razão o nascer e o pôr do sol pudessem ser tão extraordinários.

A núbia fita-o estupefacta e pergunta-lhe:

– Mas tu não sabes que, quando nasce ou se põe, o Sol espalha as cores da sua luz? A Nubilândia transforma-se então num país colorido, e os Núbios festejam o acontecimento, jogando o jogo da cor. É um espetáculo muito divertido: núbios e núbias flutuam por todo o lado e tentam apanhar as cores, mas elas conseguem sempre escapar-lhes… por isso, é uma festa que nunca acaba…

– Oh, eu também queria jogar esse jogo! – exclama a Vera, entusiasmada.

– Eu também! – acrescenta o Joel. – É muito mais divertido do que ir para a escola – conclui ele. – O melhor é nem pensarmos mais em voltar para a Terra… a vida aqui na Nubilândia é muito mais interessante!

– Bem, isso eu não posso decidir – afirma a Menina-nuvem-de-fumo. – Terão de falar com a Fada-rainha. É ela que decide quem pode viver na Nubilândia, ou não.

– Então leva-nos muito depressa para a Montanha-das-nuvens-encantadas – pede-lhe o Joel, impaciente. – Quero falar com a Fada-rainha.

– Está bem! Mas o melhor será prenderem-se de novo às minhas tranças. De contrário, com os vossos passos de lesma, nunca mais lá chegaremos…

O Joel e a Vera ataram-se muito bem às tranças azuis da núbia e partiram a flutuar, até chegarem a uma região montanhosa com muitos castelos.

A Menina-nuvem-de-fumo parou em frente do castelo da Fada-rainha e disse-lhes apressada:

– Pronto. Agora têm de dar três pancadas com força na porta do castelo, para poderem entrar. Eu tenho de ir embora. Já estou atrasada para a festa do pôr do sol – e mal disse isto, partiu, deixando-os ali sozinhos.

– Eh! Não ficas connosco?! – ainda lhe grita o Joel, aflito.

– Não posso! – responde-lhe a núbia, de longe. – É a tua tarefa…

– E agora? – pergunta o Joel receoso.

– Faz o que ela disse: bate à porta! – incentiva-o a Vera, que estava ansiosa por poder falar com a fada.

Depois de hesitar um pouco, o Joel dá três pancadas na porta do castelo.

– Ah! dois terráqueos! – exclama, ao vê-los, o anão que veio abrir-lhes a porta. – Posso saber o que pretendem? – pergunta-lhes ele de seguida.

 – Queremos falar com a Fada-rainha – responde-lhe a Vera, prontamente.

– Entrem! – diz o anão. – Veremos se ela vos pode atender…

Entraram. O castelo era gigantesco. Comparado com ele, o casarão da Vera parecia uma casa de bonecas…

Depois de terem passado por um átrio enorme, o anão fá-los entrar num salão e diz-lhes:

– Esperem aqui. Vou anunciar a vossa chegada.

Sentados num sofá que estava colocado no meio do salão, Joel e Vera iam observando, atónitos, as paredes do vasto compartimento: estavam cobertas de inscrições, que eles, mesmo se já soubessem ler, nunca seriam capazes de decifrar, por se tratar de uma linguagem secreta…  

Os dois amigos permanecem em silêncio.

Passado pouco tempo, abre-se um canal de luz num dos cantos do teto do salão, e dele sai uma senhora muito bonita de cabelos prateados e olhos verdes. Usava um vestido feito de seda cor-de-rosa, todo bordado e decorado com diamantes, que chegava até o chão. Tinha uma coroa de ouro na cabeça e uma varinha de condão na mão – era a Fada-rainha.

– Então, porque vieram ter comigo? – pergunta-lhes ela.

As crianças olhavam-na com grandes olhos de admiração e não conseguiam dizer nada. 

– Se não me dizem o que desejam, não vos posso ajudar! – explicou a fada, com um leve sorriso no rosto. Mas as crianças não respondiam.

 As fadas adivinham sempre os desejos das pessoas, mas, para os poderem satisfazer, é necessário que eles sejam ditos em voz alta. Por isso, a Fada-rainha insistiu:

– Não tenham receio. Podem dizer-me o que desejam…

As crianças perderam, finalmente, o medo e responderam a uma só voz:

– Queremos ficar a viver na Nubilândia!

– E já pensaram bem sobre esse vosso desejo? – pergunta-lhes a fada, observando-os com atenção. – É isso, realmente, o que querem? – insiste.

As crianças não perceberam por que razão a fada insistia na pergunta, por isso, responderam de novo afirmativamente, sem pensar.

– Está bem – responde-lhes ela. – Se é isso o que realmente desejam, eu posso dar-vos permissão de ficar a viver na Nubilândia. Contudo, terão de realizar, primeiramente, alguns testes, porque para se ser um habitante da Nubilândia é preciso ter muita sabedoria…

– Que queres dizer com isso? – pergunta-lhe o Joel, enquanto olhava aflito para as paredes do salão. “Será que isto aqui é uma escola?”, pensava ele, desesperado.

– Os Núbios desempenham tarefas de fundamental importância para a vida dos habitantes da Terra – explica-lhes a Fada-rainha. – Sem eles, acabava-se a magia, e as pessoas deixavam de sonhar com coisas boas…

– Vinde comigo! – convida-os a fada de seguida, virando-se em direção à porta do salão e indicando-lhes a saída.

Os meninos acompanharam-na, cheios de curiosidade e entusiasmo.

Atravessaram de novo o átrio e subiram por uma escadaria de pedra. Subiram-na durante muito tempo, passando por vários patamares, até que chegaram finalmente à torre do castelo.

A Fada-rainha conduziu-os a uma câmara mágica, que ficava no interior da torre. Eles entraram, e os seus corpos transformaram-se, de um momento para o outro, ficando todos revestidos de penas brancas e crescendo-lhes de imediato umas enormes asas de ave.

– Pronto! – exclama a Fada-rainha. – Agora, já podem sobrevoar toda a Nubilândia e observar as atividades dos Núbios.  Vão ver como eles trabalham incessantemente – do nascer ao pôr do Sol, e do pôr ao nascer do Sol –, para que a vida dos terráqueos seja o mais feliz possível…

– Mas… e tu, não vens connosco? – pergunta-lhe o Joel, receoso.

– Não. Eu tenho de cumprir com tarefas mais importantes – responde-lhe a fada. – Mas não te preocupes, as asas que eu vos dei adivinham os vossos pensamentos e levar-vos-ão a todos os lugares que desejem conhecer. E, quando chegar o tempo certo, elas conduzir-vos-ão de novo a esta torre.

Logo que a fada acabou de falar, abriu-se espontaneamente uma janela numa das paredes da câmara, e os meninos voaram para o exterior, com as suas asas mágicas, a grande velocidade…


D. Momo King

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