AVENTURAS NA NUBILANDIA (3)
Joel e Vera participam de um piquenique
Os Núbios nunca dormiam. Na Nubilândia, jogar o jogo da cor, durante a festa do nascer do sol ou durante a festa do pôr do sol, era a melhor forma de descansar. Logo, os Núbios não precisavam de ter quartos com camas. Mas isso não significa que eles não tivessem casas. Tinham. E cada uma delas era rodeada por um jardim, onde cresciam árvores de algodão-doce e flores de açúcar colorido. Adivinhas porquê?… Isso mesmo! os Núbios só se alimentavam de açúcar. Seria por isso que eles eram tão levezinhos e pequeninos?
Quando Joel e Vera sobrevoavam uma certa região da Nubilândia que era formada por pequenas aldeias, avistaram ao longe essas casas dos Núbios com jardins tão apetitosos, e pensaram, quase em simultâneo: “Como seria bom saborear todas aquelas guloseimas!” E as asas mágicas, adivinhando os seus pensamentos, levaram-nos, prontamente, até um dos jardins.
Encontraram lá um núbio, todo contente, a fazer um piquenique. Mas estava sozinho.
– Olá! – dizem-lhe os meninos, cumprimentando-o, em conjunto.
– Sejam bem-vindos! – responde-lhes o núbio. – Vêm festejar comigo?! – interroga-os ele, admirado. – Nunca festejei o dia do meu nascimento com ninguém! É a primeira vez…
– Fazes anos? – pergunta-lhe a Vera.
– Anos?! Não. Faço meses! Nós, os núbios e núbias, festejamos sempre os nossos meses, todos os meses; e só sem querer, os anos. Exatamente, de doze em doze meses, quando o mês e o dia do nosso nascimento coincidem com os nossos anos.
– Que maravilha! – exclama o Joel, radiante.
– Queres dizer que tu podes fazer uma festa de anos todos os meses? – Pergunta-lhe a Vera, entusiasmada.
– Festa de anos, não! Festa de meses – corrige o núbio, que não gostava de imprecisões.
– E quantos anos é que tu fazes? – insiste a Vera, que ainda não tinha percebido a diferença entre fazer meses e fazer anos.
– Meses, minha querida menina-ave, meses! Faço 4383 meses, o que corresponde a 365 anos e três meses.
– Mas por que razão é que a tua família e os teus amigos não festejam contigo? – pergunta o Joel, admirado por ele estar sozinho.
– Porque na minha família eu sou o único a fazer meses neste dia. Os outros têm de trabalhar – explica o núbio.
– E os teus amigos? – pergunta a Vera.
– Não lhes é permitido festejar comigo. Porque os Núbios só podem comer o algodão-doce das árvores, e as flores de açúcar colorido, que crescem no seu próprio jardim.
O núbio tinha toda a razão. Era exatamente assim como ele disse. Além do mais, os Núbios só se alimentavam uma vez por mês, no dia do seu nascimento. E, para eles, aquelas doçarias não eram nada de especial, por constituírem a única nutrição que conheciam. Pois, como tu já sabes, os Núbios só se alimentavam de açúcar. E como, na Nubilândia, nunca alguém tinha provado um alimento salgado, também ninguém sabia que o doce é melhor… A única coisa que qualquer núbio sabia era que, quando fazia meses, não precisava de trabalhar; e podia passar o dia todo em casa, a alimentar-se de todas as espécies de flores, e do algodão-doce que crescia nas árvores do seu jardim. E que, ao fim do dia, estaria cheio de energia para continuar as suas tarefas, durante todo o mês. E sabes que tarefas eram essas?… Não?… O Joel e a Vera também ainda não sabiam, mas estavam ansiosos por descobrir. Por isso, depois de terem provado de todas as guloseimas que cresciam no jardim, despediram-se do núbio, cantando-lhe a canção dos Parabéns. De seguida, as asas mágicas, adivinhando os pensamentos dos meninos, levaram-nos para muito longe, a voar…
O núbio regressou às suas tarefas, imensamente feliz, porque tinha podido festejar o seu nascimento com alguém, pela primeira vez na sua vida, ao fim de 4383 meses…
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